17.9.06

Sazonalidade na Amazônia




É realmente impressionante a visualização das mudanças ocorridas no ambiente da estação cheia para a estação seca...

Eu, que trabalhei a maior parte da minha vida na região Sudeste, na Mata Atlântica, não tinha dimensão disso. E quando vim para a Amazônia, parei primeiro na Serra dos Carajás, que por ser serra, não tem tanta distinção assim entre as estações.

Agora trabalhando aqui, na "beira"do rio Solimões, é que pude constatar. Todas as trilhas que eu percorria de canoa, estão agora sendo percorridas a pé.

Todos as marcações que eu tinha feito...estão tão altas, mas tão altas, que só é possível enxergar o que tem escrito nelas com binóculos (sem exageros!).
Tive que remarcar tudo de novo...

O alagamento sazonal do rio Solimões causa uma elevação do nível d’água de 10 a 12 metros da estação seca para a cheia anualmente. Esta dinâmica da água é causada pelas chuvas nas cabeceiras dos rios da região associadas ao degelo anual do verão andino.

A enchente traz uma grande quantidade de sedimentos das encostas dos Andes e uma elevada concentração de nutrientes. Este é o principal causador da enorme produtividade das várzeas amazônicas, observada tanto nos sistemas aquáticos quanto terrestres. Estas alagações, com a conseqüente deposição anual dos sedimentos definem a geomorfologia da várzea, a sua fauna e flora, a sua biogeografia e mesmo os seus padrões de ocupação humana.

É realmente impressionante. E mais impressionante ainda é como a comunidade ribeirinha se adapta tão naturalmente a esta mudança!

Por estas e outras coisas que eu digo que valeu a pena ter abandonado tudo e ter vindo para cá! Em que outro canto do planeta eu vivenciaria isso?

Um beijo a todos...

Crédito das fotos: Euzinha mesmo, com a minha super Nikon Coolpix!

9.9.06

Etiquetada!

Foto: E viva a preguiça! Euzinha no mar de Paraty!


A Jannine Koukla me etiquetou. E um pedido desta pernambucana arretada eu não declino...
A brincadeira é: se eu tivesse uma etiqueta com 5 características que me definissem, como seria esta etiqueta!

Então vamos lá:

1- Bem-humorada: eu acho que esta é a minha principal característica. Eu consigo rir até da minha própria desgraça. Claro que depois do "acontecido". Mas eu sou, na maior parte do tempo, uma criatura muito bem humorada. Adoro este traço da minha personalidade. Definitvamente eu não me levo a sério!

2 - Preguiçosa: Eu sou a preguiça em forma de gente. Tenho preguiça sempre...e quando eu estou com preguiça não tem Santo que faça eu me mover. Adoro ficar absolutamente sem fazer nada! Costumo dizer que é o meu momento samambaia...

3- Intolerante: eu sou completamente intolerante com gente mal-humorada, gente que não quer aprender coisas novas e TOTALMENTE intolerante com gente preconceituosa. Com estas últimas eu costumo entoar meu mantra, que é uma música do Cazuza..."vamos pedir piedade, Senhor piedade, para essa careta e covarde!"

4-Sonhadora: sim, eu sou uma pessoa prática mas também sou muito sonhadora. Sonho que vou conseguir salvar a Amazônia, sonho com uma família linda e feliz e cachorros no quintal e sonho que vou conseguir tudo isso...

5- Amiga: se você me conquistar, vai me ter ao teu lado, lutando, brigando e torcendo por ti para o resto dos teus dias!

Bom, eu passo a etiqueta para a Érica (Nas entrelinhas), para a Vivianne (Porto Alegre) e para quem mais quiser participar!

Beijos, queridos, vou para Reserva e volto sei lá quando. Mas assim que eu voltar dou sinal de vida!

3.9.06

Feliz Dia do Biólogo para mim!


E para todos os biólogos do Mundo!


Sou muito feliz com a profissão que eu escolhi e espero que todos os biólogos, estudantes de biologia ou futuros estudantes de biologia se realizem na profissão assim como eu me realizei!

É mal remunerada, não é reconhecida como deveria, mas é uma profissão linda, que me surpreende com coisas novas a cada dia.

Um grande beijo em todos os biólogos e não biólogos que são igualmente apaixonados pelas matas, pelos bichos, pelas plantas, pelas pedras, pelo fundo do mar, pelos insetos...

Foto: Eu com um filhote de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) encontrado sozinho e perdido numa estrada em Carajás/Pará. O Bahia (levou este nome porque a estrada era a Igarapé Bahia) está são e salvo no Zoológico de Carajás. Como ele foi encontrado muito filhotinho, não pode ser solto de novo na Natureza porque não saberia se alimentar sozinho!

1.9.06

De volta ao Mamirauá!


Queridos!

Cheguei em Tefé. O caminho foi longo mas eu venci! 14 horas num barco, espremida entre um gringo francês e uma mulher que só trocou duas palavras comigo. Um horror!
Quando eu já estava prestes a abrir o bocão e chorar, de tão cansada, cheguei aqui. Exausta, com olheiras até os pés, mas viva!

Tomara que o aeroporto volte a funcionar logo. Porque se cada vez que eu tiver que sair daqui for este suplício, nossa Mãe!

Estou voltando a pegar o ritmo do trabalho aos poucos. Ainda não fui a Reserva, mas estou doida para ir. Ainda mais que agora está tudo seco por lá, e as paisagens estão completamente diferentes do que eu conheço.
Ainda não vivi a estação seca aqui no Mamirauá e estou curiosa para saber como ficaram as trilhas que trabalho, as comunidades ribeirinhas, o novo curso do rio...

Já fui informada que as fitas que eu utilizo para marcar as trilhas estão amarradas muito alto, que está difícil de ver o que está escrito nelas! Eu marquei as trilhas na cheia, de canoa...

Eu ainda fico impressionada com esta mudança no nível da água. Para os amazonenses é super normal, faz parte da vida, da rotina. Mas para mim, forasteira por estas bandas, é tudo ainda muito novo.

Assim que eu for para a Reserva (na próxima semana!) eu posto aqui algumas fotos do "antes e depois" da cheia.

Por enquanto, fiquem com mais esta foto do Mamirauá! Esta é a comunidade Sítio São José, que fica bem no caminho para a Pousada. Fui informada também que agora ela está bem no alto, que é preciso subir uma escada para chegar ate lá!!!! A escada, nesta foto aí de cima, estava submersa na água do rio.

Em outubro tem artigo meu saindo na Ciência Hoje das Crianças sobre uma espécie de macaco endêmica desta região aqui! AGUARDEM!

Beijinhos, eu volto aos poucos para contar as férias. Tem que ser por capítulos...
E volto também para falar um pouco sobre a cheia e a seca aqui no Mamirauá!

Foto: minha mesmo!