29.3.06

Minha máquina chegou!


OBA! Amanhã estou indo para a Reserva...volto com lindas fotos--PROMETO!

Beijos em todos.

21.3.06

Mais um capítulo...

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá está situada na região do médio Solimões, na confluência dos rios Solimões e Japurá. É a maior Reserva existente dedicada exclusivamente a proteger a várzea amazônica (também conhecida como floresta inundada, já que fica parte do ano submersa nas águas).

A principal característica de Mamirauá é a grande variação no nível das águas dos rios. O regime das cheias no Solimões determina quanto da reserva será inundada, e quanto estará seca. E por isso, é o fator mais importante para a vida silvestre na área.

Este ambiente raro faz com que Mamirauá seja caracterizada muito mais pelo alto grau de endemismo do que pela alta diversidade, já que poucas espécies estão adaptadas a este ambiente. Endemismo quer dizer que a espécie só ocorre aqui, em mais nenhum outro lugar do Planeta.

Uma das espécies endêmicas da região é o Uacari-branco (Cacajao calvus), espécie símbolo da reserva e motivo pelo qual o Dr. José Márcio Ayres lutou tanto para transformar Mamirauá em reserva. Mas o Dr. Ayres não pensava somente em preservar o ecossistema que abrigava o Uacari, ele pensou muito mais longe...pensou em criar uma Reserva onde fosse possível preservar o ambiente mas também preservar as populações ribeirinhas que ali vivem, fazendo o sonho do desenvolvimento sustentável se tornar realidade!

O modelo de reserva de desenvolvimento sustentável é fundamentado na permanência e participação das populações locais na formação e manutenção de uma forte base científica para subsídio do manejo e conservação da biodiversidade. A criação da Reserva ofereceu uma nova fonte de renda para a comunidade, sem no entanto, substituir os trabalhos que eram feitos antes da criação da reserva. O “extra” que eles ganham, com trabalhos como guias naturalistas, coletores de campo, copeira, cozinheira e arrumadeira da Pousada, barqueiro e zelador ( entre outros), mudou um pouco a dinâmica financeira nas comunidades. Um estudo feito pela coordenadora do programa onde eu trabalho discutiu todos os aspectos sociais que mudaram a partir da implantação da reserva. Trabalho bacana, sério, foi a dissertação de mestrado dela...e ela faz questão de apresentar os resultados em todas as comunidades! E abrir discussões para que as pessoas das comunidades estudadas discutam o motivo das mudanças.

Aliás, a democracia aqui me deixou de queixo caído. Fiquei comovida como pessoas com tão pouco estudo e conhecimento do mundo (muitos nunca foram sequer a Manaus! A passagem de barco custa R$ 60,00) podem praticar a democracia de uma maneira tão séria, tão responsável. Nas reuniões todos falam, discutem os assuntos e só é feito o que é aprovado pela maioria. Mas todos discutem muito antes da votação, estabelecendo quais os prós e contras e informando a todos o motivo do seu voto.

Eu vou escrever mais (e mais!). Mas vai ser aos poucos. Senão fica muito cansativo...vou fazer por capítulos! O próximo será, a pedido da queridíssima e chiquérrima Lúcia Malla (que teve até elogio de um artigo de sua autoria na Science) sobre o boto cor-de-rosa!

Beijos, queridos.
Volto depois com mais uma aventura !

PS: Os posts estão sem fotos porque não tenho mais câmera digital. Mas seus problemas acabaram, caros leitores. Porque eu comprei uma numa super promoção (com frete grátis, isso é muito importante quando se mora loooonnnnggeeeee!) e deve estar chegando na próxima semana. Então aguardem, queridos, porque virão fotos belíssimas. Não dava para ficar aqui sem câmera digital...é até pecado, hehehe.

14.3.06

Curiosidades de Tefé

Queridos!

Enviei este e-mail para algumas pessoas, mas achei que devia compartilhar aqui com vocês (porque é óbvio que eu esqueci de mandar para um monte de gente!).

Segue então as minhas primeiras impressões sobre Tefé, minha nova morada...


Queridos!
Muitas saudades de todos vocês...

  • Aqui está tudo bem. Já mudei para o meu apartamento, que divido com uma médica do exército. Tem muitos militares aqui porque é perto da fronteira. Ela, a Cynthia, é namorada de um menino muito bacana que trabalha comigo. É de São Luiz do Maranhão (a pergunta que não quer calar: todo maranhense é de São Luiz, né?! Impressionante! Parece que não tem outra cidade no Maranhão!). Fez faculdade de medicina no Rio,morou lá em Copacabana por 12 anos. Então é praticamente carioca -- YES, again --cariocas rules! Em Carajás eu também dividia a casa com uma carioca, mas precisamente niteroiense, que nem eu :)

  • A cidade aqui, como eu já disse antes, é pequena e agradável de morar. Só tem moto. Qdo eu digo SÓ, é só mesmo. Até hoje só vi uns 10 carros no máximo. Surreal. Não tem van, nem ônibus, só moto-taxi para locomoção. Eu adoro, então não é problema para mim, mas por segurança vou comprar meu próprio capacete, já que aqui eles são loucos.

  • O pagamento da corrida é curioso. Se vc tiver uma nota de R$ 1,00 trocado, beleza, a corrida fica por 1 real. Se vc tiver uma nota de R$ 2,00 ou mais, a corrida custa 1,50. Eu que não sou boba e aprendi tomando prejuízo, trato logo de trocar todos os meus reais.

  • O dinheiro aqui é velho. As notas rasgadas, amassadas, sujas e fedorentas. Ainda não entendi porquê!

  • Numa Honda Bizz (é assim que escreve?) cabem duas ou MAIS pessoas. Colocam um monte de gente, criança, bolsa, saco de laranja...e assim caminha a humanidade.

  • Tem uma feira aqui. (Abro parênteses para dizer que eu ADORO feiras). Então, a entrada da feira é tipo o Camelódromo do Rio, ali naUruguaiana, para quem conhece. Me fez lembrar o "Ver o Peso"de antigamente. Sim, eu sei como era o Ver o Peso de antigamente pq a primeira vez que fui a Belém (na companhia da minha inseparável amiga Raquel) foi em 1998. Então, guardada as devidas proporções me faz lembrar...mas caminhando por dentre as barracas chega-se num galpão bem grande com mil barracas de frutas, verduras, farinha e etc...AMEI aquilo lá. A melhor hora de ir é bem cedo, mas eu, malandra, já percebi que na hora do almoço os preços abaixam, pq ninguém mais quer comprar nada. Um cacho de banana custa 50 centavos. Um saco com maracujás (tipo uns 4 maracujás) custa 1 real. Muito barato para quem costumava fazer compras no Sul Carajás ;)

  • O povo das comunidades ribeirinhas que trabalham no Mamirauá dão apelido
    a todos os "macaqueiros". Macaqueiros são os forasteiros que trabalham no Mamirauá, numa alusão ao fundador daqui, o Marcio Ayres, que trabalhava com macacos. Pois bem, meu apelido é JAÇANÃ. Hahaha, amei. Importante ressaltar que os apelidos são sempre nomes de bichos ou plantas.

  • A comida aqui é boa. Muitos peixes de água doce, uns caldos de sururu deliciosos.

  • Tem uma praça com uma igreja, lógico. E alguns barzinhos em volta.

  • Tem dois clubes. AABB e o clube militar (mas os "civis" podem ser sócios).

  • Não tem chuveiro quente em lugar nenhum. Andei a cidade toda para comprar um. Mais um dia e meio catando um eletricista, mais dois dias para o eletricista instalar o chuveiro. Qdo ele ligou para testar --PIMBA--acabou a luz da casa. Teve que trocar o disjuntor.Definitivamente eles não estão habituados.

  • Em compensação, em qualquer casa meia boca tem ar condicionado. No meu quarto tem :))) OBA. Coloco no talo e durmo de edredon, hahaha. Quero nem ver a conta de luz :(

  • É um calor dos infernos!

  • Vou fazer curso para aprender a pilotar barco. Aqui chama voadeira aqueles barquinhos pequenos, a motor. Todo mundo sabe pilotar...

  • A Reserva é o lugar mais bonito que eu já fui na vida. Fiquei com os olhos cheios d'água qdo, chegando na Reserva de voadeira, um boto cor-de-rosa pulou do meu lado, bem do ladinho da voadeira. Achei que era sinal de boa sorte, mas depois vi mais uns 9274954050565679 botos cor-de-rosa. É mais comum do que eu pensava ;)

  • A pousada é simples mas é fantástica. Imagina que na última noite que eu estava dormindo lá teve uma briga de jacarés bem embaixo do meu flutuante. O Flutuante chegou a mexer...levantei desesperada, fui correndo ver, os gringos da pousada já estavam lá fora vendo a briga. SURREAL. Importante ressaltar que pousada tem chuveiro quente!!! Energia solar...

  • Tudo aqui é flutuante. Casa, escola, posto de gasolina. Não aqui na cidade, mas lago Tefé adentro, sim.

  • A cor da água do Lago Tefé é escura. Do Rio Solimões é clara. Tem aqui tb o encontro das águas, numa escala infinitamente menor que o encontro do Rio Negro e Solimões, mas tem.

  • Fui numa festa no sábado, na AABB. Noite do Crocodilo's! Tinha um negãoTUDODEBOM, mas ele não me deu idéia. As mulheres daqui são como as doPará, não dá para competir.


Agora deixa eu trabalhar. Porque nem parece, mas eu trabalho!!!!


Beijos e saudades

13.3.06

Manias

Atendendo a convocação da minha queridíssima Érica: "Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

Voilà:

1) Não dormir em lençóis escuros. Já tentei, mas toda vez que tento fazer isso tenho horríveis pesadelos e durmo muito mal!

2) Dormir com dois travesseiros e no meio da noite jogar os dois pro lado e dormir sem nenhum

3) Computador, internet, amigos virtuais, e-mail...

4) Guardar os bilhetes, entradas, papeizinhos de viagens maneiras que fiz e que me marcaram de alguma forma.

5) Colocar um mural com fotos de amigos, família, lugares para qualquer lugar que eu me mude. Tenho um mural ótimo, de plástico (da Imaginarium), que só dobro e coloco dentro da mala e carrego para todos os cantos. Tem umas fotos muito bacanas nele, mas sempre troco, acrescento, coloco mais atuais...adoro!

Ah, já acabou? Eram só cinco mesmo? Puxa...

Depois volto aqui para contar sobre Mamirauá :)

Beijos

7.3.06

Poesia e força! Minha homenagem ao dia internacional da mulher...

Alfonsina Storni nasceu em 1892 na Suíça, filha de mãe suíça e pai italiano. Ainda menina mudou-se com seus pais para Argentina, onde viveu e morreu. Trabalhou como operária, foi atriz e tornou-se poetisa. Mãe solteira, Alfonsina foi hostilizada publicamente após a publicação de seu primeiro livro, por causa de seu poema A loba : “eu tenho um filho fruto do amor, de amor sem lei. Porque não pude ser como as outras, casta de boi. Olhai como riem e como me apontam...”

De 1919 e 1924 atua em centros feministas e socialistas de Buenos Aires. Em 1927 estréia no Teatro Cervantes sua primeira peça, que sai de cartaz no terceiro dia.
Em 25 de outubro de 1938 vai de trem para Mar Del Plata, de onde envia o soneto “Vou dormir” para o jornal La Nácion. Se atira no mar a fim de dar cabo a todo seu sofrimento, já que era vítima de um câncer.

Este ano minha homenagem vai para esta mulher forte, rica de idéias e pensamentos à frente de seu tempo. Tenho um orgulho enorme de ser descendente desta mulher poderosa...(não sei se todos sabem, mas meu sobrenome também é Storni!).
Segue um dos poemas dela, um de meus favoritos:


TU ME QUERES CASTA.
Alfonsina Storni
(Tradução de Oswaldo Orico)
Tu me queres alva, me queres de espuma,
me queres de nácar, que seja açucena mais casta que tôdas.
De perfume suave; corola fechada.
Nem raio de lua filtrado me toque.
Nem a margarida seja minha irmã.
Tu me queres nívea,
Tu me queres branca,
tu me queres casta.
Tu, que as taças todas já tiveste à mão.
Os lábios corados de frutos e mel.
Tu, que no banquete coberto de pâmpanos,
as carnes gastaste festejando a Baco.
Tu, que nos jardins escuros do engano, lascivo e vermelho correste no abismo.
Ó tu, que o esqueleto, não sei por que graça ou por que milagre conservas intacto,
só me queres branca, (que Deus te perdoe!)
só me queres casta, (que Deus te perdoe!)
só me queres alva.
Foge para o bosque,
vai para a montanha,
purifica a bôca, vive na humildade.
Segura com as mãos a terra orvalhada.
Alimenta o corpo de raiz amarga.
Bebe a água das rochas,
dorme sôbre a geada,
renova os tecidos com salitre e água.
Conversa com os pássaros,
lava-te na aurora.
E já quando as carnes ao corpo te voltem,
e quando hajas pôsto nas carnes a alma que, pelas alcovas ficou enredada.
Então, homem puro
pretende-me nívea,
pretende-me branca,
pretende-me casta.

4.3.06

Sã e salva!

Pessoas queridas do meu coração!

Cá estou eu em Tefé (Amazonas), sã e salva! Cheguei na sexta-feira passada, em pleno carnaval.
O carnaval aqui é o Carna-boi, com aquelas músicas de boi-bumbá. Vou aprender mais sobre o assunto e conto a vocês, ok?!

O trabalho aqui vai ser muito mas vai me dar muito mais prazer. Minha mente está fervilhando de idéias, voltei a estudar muito, ler muitas coisas...adoro isso! Mente livre para pensar!!! Estou me sentindo cientista de novo e acredito que voltei também a ter também a minha mais visível característica: meus olhinhos brilhando!!!

Ainda não fui na reserva, vou na segunda. Estou aqui vendo os trabalhos, lendo tudo para me inteirar de cada coisa. Na segunda vou na reserva (www.mamiraua.org.br) para ver tudo e aí sim começar a trabalhar de verdade!

Já aluguei um apartamento bem bonitinho, bem em frente ao escritório que vou trabalhar aqui em Tefé. Vou dividir com uma médica do exército. Bom que ela já tem a casa montada e eu não preciso comprar nada, pelo menos por enquanto. Gostei dela, apesar dela ser um pouco séria. Mas é melhor que seja séria do que muito farrista e que faça da casa uma zona, não é mesmo?
O apartamento é grande, tem um banheiro só para mim e o melhor de tudo: como é em frente ao escritorio do Mamirauá, a internet fica disponível para mim! Como meu laptop é wireless, nem preciso sair de casa para acessar a rede!! Perfeito, né?!

Bom, é isso. Depois conto detalhes sobre a cidade, as pessoas, o trabalho. Este post foi só para avisar que estou viva (agora mais do que nunca!) e muito feliz!

Beijos, muitos beijos!