7.3.06

Poesia e força! Minha homenagem ao dia internacional da mulher...

Alfonsina Storni nasceu em 1892 na Suíça, filha de mãe suíça e pai italiano. Ainda menina mudou-se com seus pais para Argentina, onde viveu e morreu. Trabalhou como operária, foi atriz e tornou-se poetisa. Mãe solteira, Alfonsina foi hostilizada publicamente após a publicação de seu primeiro livro, por causa de seu poema A loba : “eu tenho um filho fruto do amor, de amor sem lei. Porque não pude ser como as outras, casta de boi. Olhai como riem e como me apontam...”

De 1919 e 1924 atua em centros feministas e socialistas de Buenos Aires. Em 1927 estréia no Teatro Cervantes sua primeira peça, que sai de cartaz no terceiro dia.
Em 25 de outubro de 1938 vai de trem para Mar Del Plata, de onde envia o soneto “Vou dormir” para o jornal La Nácion. Se atira no mar a fim de dar cabo a todo seu sofrimento, já que era vítima de um câncer.

Este ano minha homenagem vai para esta mulher forte, rica de idéias e pensamentos à frente de seu tempo. Tenho um orgulho enorme de ser descendente desta mulher poderosa...(não sei se todos sabem, mas meu sobrenome também é Storni!).
Segue um dos poemas dela, um de meus favoritos:


TU ME QUERES CASTA.
Alfonsina Storni
(Tradução de Oswaldo Orico)
Tu me queres alva, me queres de espuma,
me queres de nácar, que seja açucena mais casta que tôdas.
De perfume suave; corola fechada.
Nem raio de lua filtrado me toque.
Nem a margarida seja minha irmã.
Tu me queres nívea,
Tu me queres branca,
tu me queres casta.
Tu, que as taças todas já tiveste à mão.
Os lábios corados de frutos e mel.
Tu, que no banquete coberto de pâmpanos,
as carnes gastaste festejando a Baco.
Tu, que nos jardins escuros do engano, lascivo e vermelho correste no abismo.
Ó tu, que o esqueleto, não sei por que graça ou por que milagre conservas intacto,
só me queres branca, (que Deus te perdoe!)
só me queres casta, (que Deus te perdoe!)
só me queres alva.
Foge para o bosque,
vai para a montanha,
purifica a bôca, vive na humildade.
Segura com as mãos a terra orvalhada.
Alimenta o corpo de raiz amarga.
Bebe a água das rochas,
dorme sôbre a geada,
renova os tecidos com salitre e água.
Conversa com os pássaros,
lava-te na aurora.
E já quando as carnes ao corpo te voltem,
e quando hajas pôsto nas carnes a alma que, pelas alcovas ficou enredada.
Então, homem puro
pretende-me nívea,
pretende-me branca,
pretende-me casta.

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