30.5.05

Acostumando

Estou me acostumando. Depois de 20 dias começo a me adaptar a cidade. Nunca foi tão demorado. Mas agora estou realmente achando que vou me adaptar! Porque na primeira semana eu achei que não me acostumaria NUNCA.

A vida aqui é pacata. Demais até para esta carioca que vos fala. A falta de opções me dá nos nervos, mas é uma questão de tempo para me acostumar.
No Rio eu nem saia muito. Mas sabia que eu PODERIA sair a hora que eu quisesse, para onde eu quisesse. Daí eu ficava tranquila :)
Aqui não! E ainda tem o lance que vc vai na esquina e encontra mil conhecidos. Todo mundo te vê, sabe com quem você estava, o que estava fazendo. Eu sou de Niterói, que os cariocas consideram cidade pequena, mas aqui em Parauapebas (carinhosamente chamada pelos habitantes de "PEBA") é muito pior.

Meus padrões já mudaram. A Raquel me disse que isso iria acontecer muito rapidamente. Eu entro na Big Ben, que é uma farmácia que tem de tudo, e me sinto num shopping center. Surto ali dentro. Outro dia quando vi que tinha o meu perfume favorito (Carolina Herrera 212) tive uma síncope. Meu amigo biólogo ficou surpreso com tamanho entusiasmo e me perguntou: " Você vai usar este perfume para ir para onde? Pro pastel na praça?!" Cortou a minha onda o nojento...
Tudo bem que eu nem ia comprar, deve custar 3 vezes mais caro que no Rio, mas custava me deixar sonhar que se eu quisesse eu poderia comprar! Ah, esses homens.
O Big Ben é como um portal para a modernidade! Fico igual a pinto no lixo quando entro ali...Preciso tomar muito cuidado para não cometer excessos.

No sábado consegui achar a Rua do Comércio. Tem de UM TUDO! Já vi o armário que vou comprar lá para guardar minhas roupitchas.

Quanto ao trabalho, nada de floresta ainda. Estou esperando o maledeto exame médico que não fica pronto nunca. E também o uniforme...
Enquanto isso me meti a fazer a semana do meio ambiente na escola lá em Carajás. Inventei um projeto megalomaníaco que assustou até o diretor da Escola. Hahahaha. Mas ele embarcou na minha. Convenci mais ou menos meu chefe mas ele disse que se eu desse conta ele daria carta branca. Até uma jibóia viva ENORMEEEEE eu quero levar para as crianças!!!

Bom, queridos deixa eu ir porque meu tempo está esgotando aqui.
Muitos beijos!!

24.5.05

Vida na terrinha

Depois de tempos sem escrever, cá estou eu...
Bom, a vida aqui é aquilo, né?! Ainda estou tentando bravamente me adaptar. Já entendi que as pessoas são grossas e ponto final. Não é nada pessoal, não é que elas não me entendam. Elas SÃO assim. Respeito mas não aceito. E assim vou vivendo...

O trânsito é um capítulo a parte e merece um post só para isso. Eu sou do Rio, morei em Milão (onde trânsito é caótico) mas nunca vi nada igual. Graças a Deus que eu não dirijo, não tenho carteira e nem sob tortura posso pagar o carro da empresa. Deus me livre de me arriscar por aqui.

Eu e o outro biólogo que veio comigo já estamos planejando um guia sobre a cidade. que vai começar assim: "Se vc tem dinheiro suficiente para vir para cá, NÃO VENHA, gaste a grana indo para outro lugar. Mas se não teve jeito e caiu aqui, essas são as melhores opções":

1- A praça Mahatma Gandhi é O point da cidade. No fim de semana "bomba". De um lado a Pastelaria Goiânia, com uma sorveteria bem ao lado. Na pastelaria, peça o pastel de pizza e um pastel de banana com canela de "sobremesa". Na sorveteria não deixe de experimentar o sorvete de cupuaçu e o de tapioca. Do lado da Pastelaria tem uma boate, Zion. Nunca fomos, então não temos opinião formada. Pronto, acabou a vida noturna no entorno da "Praça Point Bombação".

2- Mas não é só isso (isso é slogan daquelas propagandas do 011 1406, hahaha, com as meias Vivarina e as facas Guinso). Continuando...tem um clube chamado ASFEP, que é popularmente conhecido aqui como BREGÃO. Brega aqui é um estilo de música e não um jeito de ser. É assim tipo forró de teclado (tipo Frank Aguiar) mas diferente. E o bregão abriga os bailes de brega. Confesso que estou ansiosa para frequentar o bregão e aprender a dançar o brega com os nativos. Estamos combinando uma ida ao clube em breve, estamos só esperando o melhor show de brega (!!!!).
No último sábado teve uma festa no bregão chamada: Vai tomar no Fusca! De meia em meia hora tinha um sorteio e o sortudo (???) que ganhasse tomaria no fusca por 30 minutos. Não me arrisquei não, caros amigos, embora o meu amigo biólogo estivesse curioso para saber o que havia no Fusca.

3- Tem também o Galego, a nossa melhor descoberta. Lá no Galego a gente come churrasco de GADO (sim, eles anunciam assim, ao invés de churrasco com carne de boi simplesmente!). A primeira vez eu não entendi o garçom (óbvio) e achei que ele estava zoando e dizendo churrasco de GATO, que é como chamamos os churrasquinhos de rua no Rio. Mas então, no Galego tem churrasco de gado e cerveja Skol (raridade, pq o must aqui é CERPA, a cerveja do Pará) mega-super-ultra gelada pela bagatela de:

*Churrasco de Gado (pode ser de frango tb) acompanhado de arroz, aipim, molho vinagrete e farofa : R$ 2,25
*Cerveja mega-ultra-super gelada: R$ 2,50 a garrafa.

É ou não é o melhor point da cidade?!

Quanto ao trabalho, ainda estou aguardando o atestado médico para entrar no mato. Obviamente que não resisti e entrei Floresta Amazônica adentro junto com os outros biólogos, mas tomei bronca do chefe. Então agora eu fico fazendo "trabalhos-da-série-ninguém-merece" lá no muquifo que eles chamam de sala. Enquanto a Raquel viu Harpia (gavião-real, o maior do mundo, LINDO) assim, no meio do mato, pertinho dela, eu fiquei no computador o dia todo fazendo relatório para o IBAMA. E a nojenta da Raquel ainda ficou tirando onda dizendo que quando a Harpia voou foi um bando de araras-vermelhas atrás. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii.

Mas semana que vem espero que eu já possa adentrar a Floresta e ter a mesma sorte que ela :)

Bom, queridos, deixa eu ir. Meu tempo na lan house está acabando. Depois escrevo mais contando as novas!
Grande beijo em todos.

17.5.05

Falha na comunicação

Meu primeiro dia aqui. Chegamos num hotel xexelento. Levaram a gente pro andar mais alto, um MONTE de escada e eu com uma mala mais pesada que eu (o que não é difícil, convenhamos). O pobre coitado que carregou a mala lá para cima chegou esbaforido...
O menino que veio comigo, biólogo que trabalha com anfíbios, ficou no quarto do lado. Descemos para tomar café e ele me fala que a porta do quarto dele não fecha. Não bastava o hotel ser pavorento ainda tinha porta que não trancava. Colocamos a bagagem dele no meu quarto, que tinha porta que até fechava e fomos para a recepção.

Ele" Oi, tudo bem? Vc me colocou no quarto 20 mas a porta não fecha. Será que eu poderia trocar de quarto ou vc poderia mandar alguém lá para consertar a porta?!"

A recepcionista: " Ah, o barulho lá em cima está mesmo alto. É uma obra bem em cima do quarto de vocês!"

Ele: " Mas então, a porta, ela não fecha, tá com defeito. Tem jeito de consertar ou mudar de quarto?!"

Ela: " Sim, com aquele barulho vai ser impossível para vocês dormirem. Mudaremos vocês de quarto!"

Ele: " Tudo bem, eu vou trocar de quarto, é isso?! Perfeito!"

E eu com cara de assombrada escutando aquele diálogo todo...
No fim do dia mudamos de hotel. Um hotel bem melhor. Mas não tem tecla SAP lá também não :)

É assim, gente. Todo mundo aqui é assim. Temos que repetir as coisas três, quatro vezes. Achei que era culpa do sotaque carioca. Mas os mineiros estão com o mesmo problema. Então eu não sei.

Deixo um grande beijo. Aguardem cenas do próximo capítulo.

12.5.05

Direto do Pará

Consegui postar...enfim!
Cheguei na terça-feira. Saí segunda do Rio. Fuso-horário? Não, é ruim de chegar até aqui, mesmo de avião. Fui do Rio para Brasília. Lá encontrei minha fiel escudeira milanesa Juliana. Conheci ela em Milão mas ela mora em Brasília. Mas esperta que só, vai correndo de volta para Milão mês que vem!! Comemos, fofocamos e eu embarquei para Marabá. Dormi lá e no dia seguinte uma van da Vale do Rio Doce foi me pegar. MUITO CEDO, chegaram lá as 5 da matina. Quase tive um ataque do coração qdo o telefone do quarto tocou...demorei uns 10 minutos para lembrar onde estava!

Cheguei em Parauapebas na terça cedinho. De Marabá até aqui são umas 2 horas e meia. Era feriado, aniversário de 17 anos da cidade. Isso mesmo, só 17 aninhos. Talvez por isso seja esta zona que é!
Carajás, que é onde vou trabalhar, é uma cidade tão perfeita que cheguei a pensar que era cenográfica. Sabe assim tipo " Show de Truman"?! Então, assim... Tudo lindo, limpo, organizado e fresco. Sim, fresco, porque é na Serra, uns 800 m de altitude. Aqui em Parauapebas é um calor da moléstia.

Estou fazendo um curso de segurança no trabalho que até tem uma proposta bem interessante, mas uma metodologia que é terrível. Gente, o que é aquilo?! O fim...mas só posso começar a trabalhar depois de fazer o bendito curso, que dura 3 dias, o dia todinho. Ninguém merece.

Minhas impressões sobre Parauapebas:

1- Cidade muito bagunçada...trânsito, comércio, tudo bagunçado. E olha que eu sou do Rio e nem sou tão exigente assim!

2- Cara demais. Tudo aqui é muitíssimo caro, porque a economia da cidade gira em torno dos funcionários da Vale do Rio Doce, e o povo daqui pensa que somos muito ricos. Então um aluguel de uma kitinete, que mais parecia uma caverna, porque NÃO TINHA NENHUMA JANELA, num lugar pavorento, sem teto no banheiro (banho das estrelas, literalmente!), com telha de amianto e sem forro, custava 300 reais. Gente, 300 reais era o preço da kitinete da Raquel no Maracanã, com janelas, teto, de frente para UERJ e para o metrô, bem maior do que essa, com cozinha e tudo. Pq essa nem cozinha tinha...MUITO CARO. E foi o lugar mais barato que vimos!

3- Eu não entendo o que as pessoas falam. Elas não entendem o que eu falo. A Raquel e o pessoal que vai trabalhar comigo (de Belo Horizonte, Rio e Maranhão) concordam comigo que ninguém nos entende. Mas no fim das contas a gente se arruma.

4- As pessoas que vão trabalhar comigo são super legais e tenho certeza que vamos nos divertir muito.

5- Tô com esperança que vou me adaptar a esta realidade aqui. É só uma questão de tempo.


E é isso pessoal. Depois conto mais porque agora tenho que responder mil emails :)

Grande beijo!